As fricções entre Pátria e América Estados seguem em elevação após a ameaça tarifária do presidente americano Donald Trump. Além da questão política, a competição comercial pode estar adquirindo novos protagonistas: os minerais peculiares.
Constituídos por um conjunto de 17 elementos químicos, os minerais peculiares desempenham um papel essencial na cadeia produtiva da indústria de ciência, desde a fabricação de automóveis elétricos até a edificação de usinas eólicas.
Conforme relatório do UBS, o Brasil detém a segunda maior reserva de minerais peculiares do globo (23% do total), atrás apenas da China. Adicionalmente, ainda possui amplas reservas de minerais críticos ou estratégicos, como nióbio, lítio, cobre e outros ativos.



Mesmo possuindo grandes reservas, o Brasil representa menos de 1% da produção global, que são componentes-chave para a indústria de ciência, defesa, mudança energética e semicondutores.
Segundo O Globo, o encarregado de negócios da Embaixada americana em Brasília, Gabriel Escobar, se reuniu nesta semana com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e manifestou formalmente o interesse americano em garantir acesso aos minerais estratégicos.
A possibilidade de envolver os minerais em um contrato comercial foi apresentada por empresários ao vice-presidente da República e ministro de Progresso, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, que lidera as tratativas.
Porém, em conferência na quinta-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a domínio nacional sobre esses recursos.
“Temos todo o nosso petróleo para proteger. Temos todos os minerais ricos que vocês desejam para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro”, declarou Lula, em direta mensagem a Trump.
Por que esses materiais se tornaram prioridade global?
De acordo com o UBS, a procura mundial por minerais peculiares deve aumentar 60% até 2040, impulsionada pela mudança energética e pela rivalidade tecnológica entre China e EUA. A produção, porém, está centralizada: apenas a China representa 69% da extração global e 76% do refinamento.
Essa situação acaba resultando em vulnerabilidade estratégica. Em 2024, 70% das compras americanas vieram da China. Trump tem buscado diversificar fornecedores, assinando acordos com a Ucrânia e pressionando países com grandes reservas — como o Brasil.
Informações do UBS demonstram que, se o Brasil avançar apenas na exploração mineral, o impacto seria de R$ 47 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) até 2050. Todavia, se conseguir agregar valor (beneficiamento e refinamento local), o ganho pode chegar a R$ 243 bilhões no mesmo período.
Nos últimos tempos, surgiram projetos privados relevantes em Minas Gerais e Goiás, como o Colossus (Meteoric Resources) e o MagBrasm (Denham Capital), voltados à produção de ímãs para baterias e turbinas.
Ainda conforme O Globo, o governo planeja a Política Nacional de Minerais Críticos, que deve abrir novos caminhos de financiamento e incentivar mapeamentos geológicos.
Fonte: Money Times