A condição financeira do Brasil tem despertado preocupação constante para investidores e economistas, especialmente porque o endividamento governamental do país é um dos mais alarmantes do globo. A análise é de Reinaldo Le Grazie, antigo diretor do BC (Banco Central) e parceiro da Panamby Capital.
No decorrer do evento Onde Aplicar no 2º Semestre de 2025, organizado pelo Seu Capital com suporte do Money Times, Grazie ressaltou que, apesar do alto endividamento global, os números brasileiros apresentam desafios especialmente perigosos.
No entendimento do ex-diretor do BC, o mundo emerge da pandemia de Covid-19 consideravelmente endividado – principalmente os países desenvolvidos.
Contudo, ao contrário de locais como os Estados Unidos, nos quais a economia está em crescimento e existem variadas alternativas para lidar com a situação, o Brasil, como mercado em desenvolvimento, possui menos opções para enfrentar a crise fiscal.
“É muito mais arriscado o Brasil se ver em uma situação sem retorno do que os países desenvolvidos. Nós necessitamos de um estímulo de confiança para reverter essa questão, e esse incentivo só pode vir na disputa eleitoral de 2026. Essa é a esperança, que seja uma competição menos polarizada e se debata assuntos mais relevantes e estruturais”, expressou.
Presente também no evento, Mariana Dreux, gestora de portfólio do Itaú Asset, corroborou a análise de Reinaldo e destacou, ainda, que “a condição da dívida pública do Brasil é fronteiriça”.
De acordo com ela, desde a criação do Real Plan, este talvez seja o momento de maior inquietação em relação ao panorama financeiro.
Ao lado do ex-diretor do BC, Mariana baseia suas expectativas de melhora na transmissão presidencial, destacando que o cenário eleitoral será significativo e crucial.
“A situação atual já é um susto por si só. O que precisamos é aprender a neutralizar essa situação delicada. Há muita expectativa direcionada para a mudança de governo a partir de 2027”, mencionou.
Além da evolução da dívida, os especialistas avaliaram, durante o evento, que a gestão fiscal tem se oposto à política monetária — e isso tem complicado o trabalho do Banco Central.
Reinaldo Le Grazie salientou que, mesmo com uma Taxa Selic em 15% anuais e um juro real de 9%, o país ainda não consegue estabilizar a taxa de inflação em 3%.
Segundo ele, os incentivos fiscais continuam pressionando a demanda e minando os esforços da autoridade monetária.
“O Brasil merece ter uma taxa de inflação de 3%, e é viável alcançar esse índice, mas não nos modelos atuais, com estímulos governamentais tão expressivos”, analisou.
No mesmo contexto, Mariana Dreux frisou que o país tem adotado medidas contrárias à política do BC.
“Enquanto o Copom opta por juros altos para conter a inflação, o governo injeta recursos na economia e estimula a demanda. Com esse cenário, está complicado visualizar o BC reduzindo a Selic”.
Ela recordou ainda que, apesar de a autoridade monetária ter indicado o término do ciclo de aumento dos juros, “a via segue aberta caso o quadro se deteriore”.
A gestora do Itaú Asset destacou que, apesar das revisões para baixo no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025, as projeções para os próximos anos continuam altas — pressionadas pelos estímulos fiscais —, o que também influencia nas decisões dos diretores do Banco Central.
Fonte: Money Times
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